quarta-feira, 19 de março de 2008

Veja o que eu vejo.

Era uma ensolarada tarde de segunda, quando recebi a maravilhosa noticia da aprovação no vestibular, todos os meus sonhos de estudante secundarista haviam se realizado ao ver meu nome como um dos egressos na instituição de ensino superior. Mas a vida nos traz surpresas inimagináveis... É, eu havia sido inscrito nas cotas.
Nas escola tratava apenas como um debate ao avulso e imaginava: "Jamais irei me inscrever em uma medida tão segregacionista", mas o tempo passa e as concepções mudam. Minha avó é negra, e durante semanas me indagava se estava fazendo o certo, em não me aceitar como um também. Ao estudar e ver as humilhações que a nossa raça passou ao longo da colonização brasileira, vi que estava só usufruindo de um bem que o estado deu como pagamento a uma dívida para conosco.
Partindo de toda a minha revolta, me inscrevi e fui aceito, fiz um vestibular mais calmo e passei. Muitos 'amigos' me desprezavam e me julgavam como um incapaz, eu realmente queria ter o apoio deles, mas tinham a mente fechada demais para ver o outro lado, afinal, a sociedade é egoísta demais para perceber as necessidades do marginalizado. Em cima de tudo isso deveria haver um trabalho maior de inclusão, quem sabe, partindo daí, não precisássemos mais de cotas.
Terminei minha faculdade me dedicando ao máximo, embora falassem que eu não era digno da cadeira que ocupava, não me importava e seguia, porque o maior preconceito... Está dentro de si mesmo.

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